A prática constante da edificação mútua para aperfeiçoar os santos e a casa de Deus
Ao longo do tempo, a igreja cristã tem crescido, alcançando números muito expressivos. No entanto, é preciso admitir que em termos de qualidade, o cristianismo de hoje apresenta características não muito destacáveis. Parece até que a igreja perdeu o propósito eterno de Deus. Qual é esse propósito?
“Que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo. O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo. Dele todo o corpo, ajustado e unido pelo auxílio de todas as juntas, cresce e edifica-se a si mesmo em amor, na medida em que cada parte realiza a sua função” – Efésios 4.13-16
A Bíblia nos ensina que Jesus subiu aos céus e se assentou à direita de Deus Pai. Para quê? Para “preencher todas as coisas” (Ef. 4.8-10). Que coisas? Sua igreja, por exemplo, que precisa dele para ser capaz de representar o Reino de Deus em toda sua plenitude e unidade.
As características da igreja apresentada em Efésios 4.13-16 só podem ser alcançadas se a igreja viver a prática constante da edificação mútua. Então, como conseguir fazer isso?
O corpo de Cristo e a casa de Deus
“E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado, até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo” – Efésios 4.11-13
Todo cristão faz parte do corpo de Cristo – a casa de Deus – e precisa praticar o “relacionamento uns aos outros”, contribuindo para o seu crescimento e edificação em amor.
A edificação da casa de Deus começa com a edificação da unidade básica que a constitui. Então, a função do ministério quíntuplo é muito clara: preparar todos os santos (os membros da célula) para que possam realizar a obra do ministério de modo que o corpo de Cristo seja edificado.
Cada membro da célula deve ser ensinado a adorar como um sacerdote, ouvir o cabeça (Cristo), pastorear, discipular e proferir palavras que edifiquem, consolem e encorajem, segundo a necessidade do corpo de Cristo, para que ele consiga expressar de forma natural a manifestação da Trindade.
“À medida que se aproximam dele, a pedra viva — rejeitada pelos homens, mas escolhida por Deus e preciosa para ele — vocês também estão sendo utilizados como pedras vivas na edificação de uma casa espiritual para serem sacerdócio santo, oferecendo sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus, por meio de Jesus Cristo” – 1 Pedro 2.4-5
Pedro usou a casa de pedras como uma ilustração da casa de Deus, para dizer que todos os cristãos são ao mesmo tempo construtores (obreiros) e as pedras vivas do próprio edifício. Mas, para que o processo de edificação seja eficaz, ele precisa de cinco operações:
1. Juntando as pedras (evangelista)
Os construtores precisam encontrar e juntar as pedras que serão usadas como material de construção. Esse é um retrato da obra evangelística de encontrar os materiais de construção da casa espiritual de Deus. O Pai vai usar a vida dos membros, como corpo, para transformar pedras mortas em vivas e trazê-las à célula.
Existem muitas pessoas que não sabem seu valor, sua importância para o projeto eterno de Deus, e elas precisam ser lembradas disso através de Cristo.
2. Formando as pedras (mestre)
As pedras não chegam prontas para ser usadas como material de construção, precisam ser lapidadas para alcançarem a forma necessária. Esse também é o retrato da obra de ensinar uns aos outros na casa de Deus. Os novos convertidos precisam ser formados à imagem de Cristo, a pedra angular, por meio do discipulado.
3. Colocando as pedras no lugar certo (pastor)
Uma vez adquirida a forma necessária, as pedras precisam ser encaixadas no lugar certo, receber revestimento para serem preservadas e cimento para se manterem unidas. Da mesma forma, na célula a união precisa ser solidificada pelo amor ágape: “Acima de tudo, porém, revistam-se do amor, que é o elo perfeito” (Cl. 3.14).
Isso só pode acontecer através do amor e dos relacionamentos.
4. Entendendo o projeto da casa (apóstolo)
Como em qualquer obra, o construtor precisa entender o projeto e estudar a planta. Todo cristão, portanto, precisa entender a visão e o propósito da casa de Deus. Todos precisam ajudar uns aos outros a firmar suas vidas no alicerce, que é Jesus. Se todos entendem a planta, todos saberão como edificar sobre o alicerce.
Quando as pessoas têm clareza do destino e do objetivo que querem alcançar, conseguem juntas manter a motivação para prosseguirem. Não é uma corrida solitária, é uma corrida de revezamento, onde cada um tem um papel imprescindível.
5. Controle de qualidade da obra (profeta)
O controle de qualidade é essencial para que tudo ocorra de forma eficiente. Assim, na casa de Deus, os membros da célula precisam profetizar uns aos outros (1Co. 14.3). Como?
- Edificando: confirmando que tudo está sendo feito segundo a planta original;
- Exortando: se a planta não está sendo seguida de forma correta;
- Encorajando: caso os membros estejam desencorajados ou exaustos demais para edificar a casa.
Sem ferramentas, supervisão e treinamento, com certeza, o projeto não poderá ser concluído de acordo com o plano. O Espírito Santo proverá os dons necessários, segundo os cinco ministérios de Efésios 4, para a edificação da casa de Deus.
Tudo isso acontece através dos relacionamentos. Se só houver relacionamento entre os “trabalhadores/pedras”, mas não houver contato com Deus que planeja tudo isso, como poderemos saber se estamos edificando corretamente? A única maneira do mundo ver que somos filhos e filhas de Deus, e que temos autoridade para trazer o Céu na Terra, é através do nosso relacionamento constante com Deus, o Pai, através do Espírito Santo, e também mediante os relacionamentos de amor uns com os outros, manifestando o ministério quíntuplo.